Calcinha Bege

Eu já tinha esquecido de sua existência quando uma componente desta trupe resolveu dar-lhe uma nova roupagem. Para isso foram necessários três doses de desemprego, uma grande quantidade de ócio (criativo, vale ressaltar) e uma loira aquariana, não necessariamente nessa ordem.

Moda é definida por uma mudança regular no tempo, cujo tempo de duração é indeterminado. Ele depende da aceitação do que é proposto, das regras do comércio e da velocidade com que essas mudanças ocorrem.

A moda como conceito surgiu na transição da Idade Média com a Idade Moderna. O termo surgiu em 1482 pela primeira vez, para traduzir uma maneira coletiva de se vestir.

Esse foi um fenômeno ocidental, apesar das influencias orientais, sugerido pelo Duque da Corte de Borgonha (hoje Borgonha francesa) que tinha uma regularidade no modo de se vestir.

Nas civilizações como o Egito, durante 3.000 anos utilizava-se o mesmo tipo de roupa, o que existia eram formas de determinação social. Já na atualidade, as mudanças ocorrem cada vez mais rapidamente.

O processo iniciou-se a partir das cruzadas, viagens que traziam as mercadorias orientais. As trocas comerciais desenvolveram o mercantilismo, que mais tarde foi responsável pela ascensão da burguesia.

Moda para burguesia era uma forma de parecer-se com a nobreza, artigos e moldes eram copiados. Os nobres, em uma tentativa de se diferenciarem, transformavam novamente o modo de se vestir. Com isso, a roupa passa a ter prazo de validade.

Moda, a partir de então é um desejo, uma espécie de fantasia. A roupa assume um caráter mágico, faz com que sejamos o que quisermos e pertencentes a qualquer classe social.

Um mercado começou a girar em torno disso. O que está em uma loja, é exclusivo a ela, e as coleções se renovam em tempos cada vez mais curtos. Hoje em dia, as celebridades fazem o papel desempenhado pelos nobres de antigamente.

Nos períodos barroco e rococó, o exagero e opulência era a regra nas vestimentas, o luxo estava evidente nas técnicas de produção de fios de ouro; pedras preciosas serviam como adornos nos vestidos. Em tempos de crise, queimavam-se os tecidos, as joias ficavam. A palavra “investimento” surge por conta disso.

As roupas seguem uma diferenciação social. Por exemplo, a cor púrpura era permitida somente aos nobres, daí a expressão “elevado à púrpura”. Assim como os candidatos a algum cargo deveriam utilizar o branco, para expressar transparência e honestidade, por isso a palavra vem de “cândido”.

Além disso, as roupas também são separadas por sexo. A mulher só mostrou as pernas na década de 20, com o comprimento Chanel, a saia encurtou para que fosse possível dançar e celebrar a vida no pós-guerra. As roupas masculinas, por sua vez, evoluem por conta das armaduras e do entendimento das roupas por peças.

A individualidade retrata um novo estilo de vida, a condição humana necessita desse espaço, portanto cômodos individuais; o calor humano é substituído pela lareira.

A moda passa a obedecer a uma sazonalidade, e as peças duram por tempo determinado, incentivando o comércio e a massificação. O termo moda vem de “modus coletividade”.

O termo “estilo” vem de “stilus”, um graveto que os romanos escreviam em uma superfície encerada. O primeiro uso do termo foi literário, migrando para outras áreas. Conceitualmente está associado à subjetividade e individualidade, usando a moda para querer se diferenciar e ao mesmo tempo, sem que se perceba, padronizar o modo de se vestir.

A rua é o que legitima a moda. A moda não é cíclica, mas sim helicoidal, ela nunca retorna totalmente. Mesmo que uma peça muito utilizada há décadas atrás volte, ela nunca será usada da mesma maneira que no passado.

 

 O processo de formação da cultura da moda acompanhou os acontecimentos históricos e evoluiu conforme os conceitos artísticos e estéticos de cada momento.

O termo “moda” nem sempre existiu. Nem sempre as vestimentas e adereços tiveram função estética, mas sim de identidades culturais, religiosas e até mesmo de determinação de classes sociais.

As tendências de cada momento, mesmo que ainda não propositalmente, seguiam influencias de regiões importantes, que se destacavam comercialmente, militarmente e estavam em uma posição de polo mundial.

A escrita determinou o início da história, surgiu a partir da necessidade de organização de dados, do comércio e de se produzir uma documentação. Além disso, a evolução deu-se a partir do momento em que um pictograma se transformou em um ideograma e passando em expressar uma idéia.

O primeiro período da história trata da Idade Antiga, ou Antiguidade. Na parte oriental destacava-se a Mesopotâmia, local em que o homem sedentarizou-se e iniciou o processo civilizatório. Já Antiguidade Clássica teve como destaque Grécia, Creta, Etrúria e Roma.

Em 466, a queda do Império Romano deu início à Idade Média, que se dividiu em Alta Idade Média, Bizâncio (oriental) e Europa Feudal (ocidente), e Baixa Idade Média, com o gótico. A Idade Média foi marcada pelo pensamento teocentrista.

Em 1453, era o auge do polo comercial de Constantinopla, iniciando a Idade Moderna. O Renascimento foi a corrente artística do momento.

A Igreja passou por transformações e divisões com a ascensão do protestantismo, anglicanismo e calvinismo. O Barroco veio como uma reação estética às necessidades de angariarem fiéis e reascender a Igreja Católica. O mundo passa a assumir uma visão mais antropocentrista.

A Revolução Francesa de 1789 inaugura a Idade Contemporânea. A moda Império é disseminada por Napoleão e nas artes, o Neoclassicismo retoma valores da cultura helênica. Num segundo momento, o Romantismo foi uma tendência artística, literária e de moda. A era Vitoriana influenciou a moda, assim como a Guerra e a Belle Époque francesa.

Já no século 20, a mudança de estilos e tendências de moda aconteceu em maior velocidade, podendo ser caracterizada por décadas. Na atualidade, a moda e os estilos se transformam com tanta rapidez que tornou mais difícil acompanhá-los e caracterizá-los.

Quando eu descobri que ele estava com outra, pensei que fosse morrer, ou matar. Dei um soco na mesa do bar, saí desnorteada em busca de um caixa para pagar a conta.

A gente sempre acha que a separação não vai durar muito tempo, que logo a saudade vai bater ou ele vai perceber que você é a única mulher que vale a pena. Até que ele arruma outra.

Um misto de inveja e ciúme fazia com que eu me sentisse trocada, rejeitada. Bebi demais. Como uma louca descontrolada liguei infinitas vezes, xinguei de vagabunda, falei que ia me vingar. Ele me tratou delicadamente como uma doente.

No dia seguinte, vômitos e arrependimentos. Era tarde. Não era um pesadelo.

Mas a culpa foi toda dele. Ele me fez acreditar que eu era especial, única, e que juntos colocaríamos os infinitos planos em prática. Nunca prometa aquilo que não sabe se irá cumprir.

Tive vergonha da minha reação, fiquei dias enfurnada em casa, curtindo a fossa com uma questão bem clichê na cabeça: O que ela tem que eu não tenho? Experimentei um novo mix de sensações, uma curiosidade mórbida e um narcisismo enfurecido. O desejo de saber o jeito dela, as qualidades e principalmente os defeitos, para que eu me sentisse melhor (nada me faria sentir melhor, afinal, ele estava com ela).

Como é possível um homem ter tantas dificuldades em um relacionamento, facilmente superadas em questão de 1 semana (isso pelo que sei)?

E aquele velho discurso “eu quero um tempo para os meus projetos profissionais, estou em uma fase em que necessito de espaço?”.

A gente fica junto nas piores horas, anima, incentiva, aí quando as coisas dão certo, quem vai usufruir além de ficar com a sensação deliciosa de uma nova paixão, e os planos concretizados, é a outra. O velho trauma da ex-esposa, 15 quilos mais gorda, 3 filhos e carreira arruinada.

A mim sobrou a fama de garota geniosa, excêntrica e extravagante (pra não dizer perigosa, louca e baixa), contra uma menina de temperamento leve, descontraído e compreensivo (sempre é assim).

Tudo virou uma grande conspiração, o tempo todo os amigos querem esconder o que eu insisto em perguntar. Quem é ela? O que ela faz? Ela é feia? Gorda? Que tipo de roupa ela usa?  Por que eu fui trocada?

Trocada sim. A partir do momento que ele tinha a possibilidade de estar comigo, sabendo que eu claramente era apaixonada por ele, no entanto, preferiu ficar com a outra, isso é uma troca.

Na minha cabeça, filminhos: os dois caminhando na praia, fazendo exercícios, comendo pipoca, cozinhando, comendo frutas, etc. E enquanto eles vivem felizes (na minha cabeça), sem nem lembrar da minha existência, eu perco horas imaginando e vivendo em função deles.

Ao mesmo tempo eu não queria parecer problemática. Não queria ser como as recém divorciadas que só sabem xingar a nova esposa do ex-marido. Não queria passar horas falando sobre esse assunto achando que o casal estava em uma batalha contra mim. Talvez eles realmente estivessem apaixonados…

Talvez eu precisasse disso para me convencer do óbvio, daquilo que todo mundo já tinha jogado na minha cara. Seguir a minha vida, eu me toquei, mas não sei exatamente quando. Talvez não tenha existido um momento limite, mas fosse uma simples conseqüência do tempo (sem ignorar meu esforço e mérito pessoal).

Todas as minha esperanças de uma linda história de amor, como nos filmes, acabam por aqui. Era hora de eu me mancar e sair de cena; dar espaço ao novo par romântico e a um novo final feliz, que não o meu.

Eu nunca perco. Mas dessa vez eu perdi.

Posted on: 21/06/2009

“To love is to suffer. To avoid suffering, one must not love; but then one suffers from not loving. Therefore, to love is to suffer, not to love is to suffer, to suffer is to suffer. To be happy is to love; to be happy then is to suffer, but suffering makes one unhappy; therefore to be unhappy one must love or love to suffer or suffer from too much happiness. I hope you’re getting this down.”

Love and Death, Woody Allen

Não importa quem ela é, o importante está no que posso fazer com ela.

Não me interessa a pessoa, o caráter, as opiniões, muito menos que eu concorde com elas.

O que eu quero é alguém pra falar bom dia, ligar quando chego do trabalho, pra fazer companhia no MSN e mandar recados fofos no orkut.

Nos fins de semana, quem sabe ter alguém ao meu lado para preencher o vazio que está em mim, e sempre esteve, não sei desde quando, nem de onde.

Quero alguém pra falar que é meu e assim apresentar, pra quem eu me doe ao máximo até que estafe.

Alguém pra cumprir convenções e fazer o que todos fazem normalmente.

Pra quem eu desabafe os meus problemas e angustias e as eternas frustrações.

Quero alguém pra cozinhar, e quem sabe comer bem.

Não espero nada em troca. Nem planos pro futuro, por mais que os fale. Importa o aqui e agora: to curtindo; o que vai ser, quem sabe?

Eu sei. Não importa quem seja, importa que exista. Existir, existe milhões, com milhões acontecem…

Não há imã que atraia, e nem destino que trabalhe. É em qualquer hora, qualquer lugar, qualquer pessoa.

O que eu quero não tem forma nem cor, mas se tiver, melhor ainda.

O que eu quero não tem nome, não tem jeito, não tem solução. O que eu quero passa.

O que eu quero, não quero mais.

O que eu faço é caminhar pra frente, sempre apoiado, jamais sozinho. Disfarçando erros, enganos e cobrindo o rosto como defesa.

O que eu sou só diz respeito a mim, sempre foi assim. Não ligo pro que pensam, não ligo pro que sabem, ou pro que viram.

Ligo pra roupa que agora visto e pra persona que agora assumo. Até que não me sirva mais.

Quem eu sou?

Essa pessoa sou eu, essa pessoa é a outra, essa pessoa podia ser qualquer uma. É a vida…

O que eu fui? Nada.

Não muito distante, há algumas décadas atrás, parecia inconcebível a ideia do ficar. Daí a dificuldade dos nossos pais em entender como funciona . ” Mas tem sexo, ou é só beijo na boca?”. Tanto faz, não tem o compromisso.

Essa prática também não é encontrada em qualquer país, o que não os fazem menos caretas por isso. Diria até que pode ser mais um traço da  calorosidade e ginga brasileira. Um jogo de vale tudo: beijar 1, 2 ou 3 pessoas, transar ou não…tudo depende do que estiver afim no momento. E o melhor, ou pior, é que não precisa ligar no dia seguinte.

O relacionamento assume uma ética diferente, uma espécie de brincadeira permitida e não vulgar que envolve o jogo de sedução e a experimentação.

O ficar obedece a uma dupla face, uma permite que, antes de se amarrar a um compromisso, a pessoa explore, conheça, e descubra se gosta. Isso evita que ocorram maiores decepções e casamentos enganados.

A outra face é que o “ficar” pode ser mais um modo de entorpecimento, um jeito de permanecer somente na fase da paixão e na busca de sanar desejos, numa espécie de geração prozac.

O tanto de prazer que alguém pode ter é proporcional à dor que o antecedeu ou o procederá. Evitar a dor corresponde a ter pequenos prazeres, sofrer faz parte.

 O sexo do “ficar” é aparentemente melhor, porque leva o gosto da conquista e da novidade, mas isso pode ser um engano, já que o entrosamento e a intimidade fazem com que ele se torne ainda melhor, porém, requer paciência, isso demora.

 O vício aparece quando somente o primeiro momento é interessante, somente a novidade é o legal, portanto, logo no primeiro problema o parceiro vai embora; a fila anda, e o problema se repete. É o vício da intensidade dos começos.

Freud indica que as chances são maiores de um segundo casamento ser mais feliz do que o primeiro. Nesse caso, ninguém entra com grandes expectativas, que necessariamente acarretam em frustrações. Além disso, já sabem lidar com problemas que eventualmente aparecem, sabendo-os diferenciar entre o que é defeito dele, dela, ou do relacionamento.

Inúmeros casamentos ocorrem no engano, pagamento de avanços desmedidos.

Ninguém mais tem a necessidade de estar com alguém por obrigação, as pessoas estão cada vez mais individualizadas e auto-suficientes, por isso, só o que sustenta um relacionamento é o amor. Ou seja, o amor vira obrigação.

Ele precisa existir, e se em algum momento ele apaga, entre alguma crise, ou novas prioridades, queremos alguém que nos ame. Amar é obrigatório, e por isso exigimos provas de amor todos os dias, e essas provas têm prazo de validade.

 A cobrança cansa, e esses momentos de crise e frieza, já levantam a dúvida do outro, o que fortalece a crise.

Esse é o dever de estar sempre feliz, seus amigos cobram a felicidade plena, e se não estiver, pula fora com facilidade. A fila anda com facilidade.

A propaganda incentiva que o sofrimento nunca exista e que pra superá-los existem muitas pessoas legais por aí, mas isso não é verdade.

O relacionamento atual pode ser comparado ao comportamento do turista: curioso, interessado, transita por todos os lugares, mas não se instala, portanto, não conhece nada.

O namoro já começa com a consciência de que irá terminar. Por isso, estamos sempre com um pé cá, e outro lá; nunca fechamos as portas para novas e antigas possibilidades.

É a cultura do Goze Já! Tá sem saco, insatisfeito…vai embora, a fila anda.

Falar de amor as vezes parece tão ultrapassado, bobo e infantil. Mas é engraçado, porque é sem dúvida o tema mais relevante da nossa vida, por conta dele ficamos muito felizes, ou com um péssimo humor; ele está em quase 100% das conversas, todo mundo quer um, e até quando não quer, eles teimam em aparecer.

Levinas desenvolveu a teoria do “outro do outro”. Se a pessoa que eu gosto faz exatamente o que eu gosto, ela é um pedaço de mim. Mas se existe algo que avise que essa pessoa não se trata de você, então ela é algo estranho, conflituoso.

O amor está no momento em que se é possível conviver com o outro do outro e assim, conviver com as diferenças.

Todo homem espera ser o primeiro e único. Passamos 90% do tempo esperando que a pessoa se modele a aquilo que esperamos. Porém se ela se adequa, cansa e perde a graça.

Amar alguém significa que o centro está em outra pessoa, que não em você. Quando isso acontece, existe um grande risco, já que a sua felicidade foi transferida e depende das vontades do ser amado.

É desconfortável perceber que dependemos de alguém para ser feliz, por isso o amor capaz de nos trazer momentos de alegria, é o mesmo capaz de nos trazer profundo sofrimento.

A partir do momento que desejamos algo que não está na gente e corremos risco, passamos a desqualificar as coisas do outro, já que elas nos apresentam fortes ameaças. Desqualificamos a sogra, o emprego, a ex namorada, os amigos, entre outras coisas que pertecem ao outro.

 

 O termo pathos origina palavras diferentes, porém muito ligadas em significado. É o termo que dá origem à paixão, passividade, patologia e até mesmo paciência.

Ou seja, os gregos logo percebem que não somos sujeitos de nossas paixões, não existe um controle de quem se gostar, e muitos menos de quem desgostar, por isso passividade. Os próprios gregos instituíram a paixão como algo que vem de fora, induzido por alguém. No caso da mitologia a paixão vem do cupido.

Paixão como patologia está no fato de que perde-se o eixo e o equilíbrio, isso perturba e pode ser somatizado em efeitos extra corpóreos.

Quando a paixão é mútua o casal se fecha, exclui o que está de fora e junto a isso surgem cobranças de trabalho, família, amigos; por conseqüência, tudo passa a dar errado. O apaixonado passa a fazer coisas que nunca havia feito, excede limites, perde o chão.

O tempo passa…elementos da realidade entram no relacionamento e junto a isso, o jogo do vale a pena, ou não?

Baixa o fogo e a ilusão. Os momentos de crise são aqueles em que o assunto acaba, e o sexo também. Com isso, vem o medo perturbador de que o relacionamento acabe, as saudades dos primeiros momentos e promessas, que vieram na verdade de alguém que você não conhecia.

           

 Duas coisas podem acontecer:

1-      Acaba.

2 – O relacionamento origina duas grandes amizades, que podem ou não estar separados. Um conhece absolutamente tudo a respeito do outro, conhece as reações, sentimentos e sabe o que esperar. O tesão acaba, assim como as fantasias.

“Casais inteligentes enriquecem juntos”, orienta a auto-ajuda. Não poderia ser diferente, o amor se transforma em sociedade, amizade e antigos apaixonados mudam o foco, pra valer a pena ficarem juntos.

A situação amorosa compõe os três itens: paixão (atração, tesão), intimidade (querer estar junto) e compromisso (responsabilidades). Porém, esses fatores alcançam pesos diferentes ao longo do relacionamento.

A figura do “ficar junto” se modificou ao longo do tempo. O século 18 era relativamente liberal se comparado ao século 19 e 20. Após a 2ª guerra, a liberdade sexual era difundida até mesmo pelas mulheres, apoiadas com o advento da pílula anticoncepcional.

A partir de 1985, a sociedade ficou mais opressora devido a AIDS. A variedade de parceiros não poderia ser mais incentivada. O mundo encaretou.

A paixão presume ignorância. Sempre estamos apaixonados por algo que não conhecemos, e envolve imaginação e prospecção. A paixão é cega, quente e responsável por muitas besteiras.

É a esperança de que novas fantasias, que nunca foram tocadas em outro relacionamento, ressurjam com força. É uma deliciosa superação de um trauma, a sensação de que “agora vai”. A esperança cria a expectativa.

A relação da paixão é covarde. Normalmente, ela move sentimentos capazes de jogar valores, pessoas e situações no lixo, pela esperança de ser mais feliz. Quase sempre algo é sacrificado em prol de uma nova paixão, porém, a paixão e a ilusão andam lado a lado.

Jamais uma expectativa será alcançada, nunca algo nos fará sentir completo a todo o momento. Nunca alguém será exatamente como imaginamos ou como sonhamos, já que as pessoas são constituídas por inúmeras características. Algo pode nos ser completamente atrativo, mas outra coisa nela, pode ser simplismente horripilante.

Mas aquilo que você não conhece, pode ser ideal, parece o ideal. Se você não conhece, imagina a perfeição e busca os indícios que reflitam suas próprias necessidades.

Toda expectativa criada é de identidade, mas pessoas iguais não existem. Por isso toda paixão é seguida de intensa dor e decepção.

 

O mito do hermafrodita é narrado por Platão, em “O banquete”.
Platão sugere que homem e mulher era um ser somente, colados pela frente. Homens e mulheres eram felizes e completos, o que desagradava profundamente os deuses.
Os deuses, tomados pela inveja, decidiram rachar os corpos, deixando uma cicatriz que faria com que os homens nunca se esquecessem de sua incompletude, como um registro do novo objetivo do homem: sair e vagar em busca da outra metade, porque o homem só, não se basta.

 

Quando adquirimos a consciência de que mesmo que a pessoa não seja da maneira que esperávamos, mas no conjunto seja alguém que vale a pena, equilibrando defeitos e qualidades, essa pode ser uma transição para o amor.

 A paixão é fantasia, e está somente em você. O amor é quando entra na história a realidade da outra pessoa, e isso passa a ser importante. O amor mistura realidade e fantasia…enquanto a paixão, fica só na fantasia.

Metamorfose de Narciso - Salvador Dalí

Metamorfose de Narciso - Salvador Dalí

A história de Narciso, como em qualquer conto grego, se inicia antes mesmo de seu nascimento. Sua mãe desejara o filho mais belo e perfeito e fez esse pedido aos deuses.

Os deuses gregos faziam suas concessões mediante a uma condição, chamada de metron. O metron é uma espécie de missão, de descobrir no decorrer da vida a sua potencialidade, que necessariamente deveria ser colocada em prática. Porém, essa medida jamais poderia ser menor do que você tem de capacidade, ou então estará fadado ao fracasso; mas ela também nunca poderia ser maior do seu potencial, se não cometeria a pretensão e o transformaria em um herói, que sempre é punido com tragédia.

Narciso recebeu a graça dos deuses, mas junto a ela veio a condição de ser belo e feliz à sua medida: nunca poderia ver seu reflexo e sua imagem.

Ao caminhar sozinho pela floresta, Narciso escuta a Ninfa Eco, apaixonada pela beleza do rapaz. Ele finge não ouvir seu chamado, levando a Ninfa à loucura. Assim, aos gritos pela floresta, ela permanece até hoje, evocando por Narciso. Essa foi a primeira presença do reflexo.

Origina-se a partir do nome Narciso, por essa circunstância, a palavra narcose, para designar a insensibilidade com relação aos estímulos externos.

Novamente ao caminhar sozinho, Narciso sente sede. Ao debruçar-se em uma lagoa de águas claras, ele comete seu carma. Ele fica apaixonado por si, e nessa hora, ultrapassa seu metron.

A versão recente dessa história foi relatada por Oscar Wilde, em “O retrato de Dorian Gray”:

Narciso morre apaixonado por sua própria imagem.

Ao passar por lá, um indivíduo percebe que o lago lamenta em choro. A pessoa pergunta se o lago chora por Narciso.

O lago responde que não estava apaixonado por Narciso, mas que lamenta porque nos olhos de Narciso, ele podia ter estampado a sua própria imagem.

 

…Estar apaixonado é buscar a si próprio projetado no outro…

SOBRE O BLOG

Um blog que entende o universo feminino e, acima de tudo, sabe o quanto uma calcinha bege é deprimente, mas apóia o fato de toda mulher ter uma.
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